Reportagem sobre INCLUSÃO para o Jornal do Médio Vale – 12/02/2019

Mãe de autista desenvolve cartazes para facilitar o dia a dia do pequeno Rafael na escola pública

Clarice Graupe Daronco / JMV

FOTO: FOTOS/ARQUIVO/PESSOAL

TIMBÓ – Nesta semana tiveram início as aulas nas escolas municipais de Timbó e um fato chamou a atenção junto à Escola Municipal Padre Martinho Stein: cartazes. Sim, muitos cartazes foram colocados em locais estratégicos da escola. Esses cartazes foram colocados com um objetivo especial, ajudar o pequeno Rafael, filho de Juliana Lanser Mayer, a se adaptar na escola. Rafael, de seis anos é autista e sua mãe realiza um trabalho diferenciado com o objetivo de fazer com que ele se sinta parte integrante do processo escolar e da sociedade.

Juli, como é conhecida, conta que em 2018 adaptou a Unidade Pré-Escolar Cinderela para receber o Rafael, mas por serem apenas duas salas foi tudo mais tranquilo. “Já na escola regular, a Padre Martinho Stein, a situação é diferente, desde espaço até quantidade de informações e estímulos que o Rafael receberia seriam muito maiores, então em dezembro comecei a formatar algumas ideias de adaptação na escola, consegui uma parceria com a Graftim que se sensibilizou e abraçou a causa comigo topando fazer todos adesivos gratuitamente, que agora no início do ano letivo foram anexados na escola”.

A mãe conta que as adaptações visuais são fundamentais para o Rafael por conta do autismo, mas se tornam funcionais para todos os alunos também, destacando que a Escola Padre Martinho Stein atende atualmente cinco alunos autistas e esses recursos serão muito importantes para todos eles. “Adaptamos banheiros, bebedouros e a área externa próximo à sala dele mas que fica em frente ao pátio principal da escola dando visibilidade para todos os alunos, em breve estaremos adesivando a biblioteca, o refeitório e áreas comuns com informações sequenciais e de utilidade pública. Além destes adesivos foi entregue o perfil do aluno, com descrições objetivas e claras sobre o Rafael para todos os funcionários da escola tornando a inclusão uma ação de todos nós”, explica ela.

Juli informa ainda que a adaptação do Rafael começou uma semana antes do início previsto das aulas. “Ele precisa deste tempo, primeiro para se adaptar com o ambiente e estrutura física do local, conhecer as pessoas que estarão mediando ele na escola, sendo que no primeiro dia de aula oficial a adaptação aos sons e quantidade de pessoas são relativamente maiores do que o comum para ele. Ele ficou super bem, adorou a professora e esse vínculo que criamos dias antes ajudou muito no processo de adaptação no primeiro dia”, relata.

Entre o material que foi deixado na escola para os professores e funcionários está o perfil do Rafael, que nasceu no dia 5 de julho de 2012.No perfil Rafael relata um pouco de quem é, o que gosta de fazer, o que gosta de comer e beber. Também tem um alerta com relação ao fato dele, em sua condição de autista, não ter noção de perigo e fugir, situação que deve deixar os professores e funcionários mais cuidadosos com relação à água, altura, eletricidade e carros em movimento. Também foram repassadas instruções de como se pode ajudar um autista, qual o tipo de apoio que ele precisa, suas habilidades e aprendizados.

Juli afirma que tudo o que é bom para o Rafael também pode ser aplicado com as outras crianças por ser amplo e pensando na particularidade de cada criança seja ela autista ou não.”Ter um filho especial me ajudou a ter um olhar diferente para a vida e a me transformar numa pessoa melhor, mais resiliente, pois o Rafael através dos seus desafios, aprendizados e adaptações me ensina diariamente que quando acreditamos no potencial do outro tudo pode ser transformar”.

Para Juli, cada desafio, dificuldade que o Rafael lhe apresenta é um estudo a mais. “Tento ensinar a ele de formas diferentes o tempo todo para conseguir mantê-lo o mais independente possível para viver neste mundo, de uma maneira mais tranquila, amorosa e inclusiva quando eu já não estiver mais aqui, e na busca desta inclusão que está minha maior luta por ele, por todos os autista e por uma sociedade mais harmônica, respeitosa e inclusiva com todas as diferenças”.

Para mostrar os desafios e vivências, Juli utiliza suas redes sociais em especial o Instagram (@julilansermayer) onde demonstra seu dia a dia e vivências, e no seu site (www.julilansermayer.com.br) onde disponibiliza, gratuitamente, vários matérias para serem baixadas, inclusive esse perfil falado nesta reportagem e os adesivos de adaptação na escola.

 

http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/jornal-do-almoco/videos/t/edicoes/v/cartazes-ajudam-na-inclusao-de-alunos-com-autismo/7354177/

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